Uma carona nas histórias de Alexandre Lucchese

O jornalista Alexandre Lucchese mergulhou por mais de um ano e meio em fascinantes histórias sobre uma das bandas mais famosas (e polêmicas) do pop rock feito aqui do Rio Grande do Sul, mas que a vida toda fugiu de rótulos, como “rock gaúcho”, por exemplo. Com depoimentos e fotos inéditas, Infinita Highway – Uma carona com os Engenheiros do Hawaii (Belas-Letras, 2016) será o tema de uma conversa com fãs da banda e interessados no processo que levou o biógrafo a publicar a obra, amanhã, na 62º Feira do Livro de Porto Alegre.

O jornalista, que entrevistou cerca de 100 pessoas ligadas à banda, inclusive Humberto Gessinger, Carlos Maltz e Augusto Licks, o trio responsável pela fase de maior sucesso do grupo, falará com o público às 16h30min na Sala Leste do Santander Cultural (Rua 7 de Setembro, 1028) e autografa na Praça de Autógrafos às 18h.

Nesta entrevista, o jornalista, que cobre editoria de Cultura no jornal Zero Hora, adianta um pouco do que vai rolar no bate-papo amanhã.

O que te motivou mais a contar a história dos Engenheiros do Hawaii?

Quando eu comecei a acompanhar a banda, aquela formação inicial (Gessinger, Liks, Malts) já tinha acabado. Pessoalmente, foi a oportunidade que tive de viver uma coisa que eu não vivi. Por mais que tenha sido uma pesquisa muito intensa, tem sido muito gratificante entrar em contato com todo esse universos e principalmente com os fãs, que fizeram o livro junto comigo.

Como foi o processo de escrita do livro?

Comprei meu primeiro disco do Engenheiros (“O Papa é Pop”) quando eu tinha 8 anos, eles estavam estouradaços, eram anos 90. Eu ouvia “Era um garoto…” na rádio, no interior no Paraná – e eu adorava aquela música. Aí lembro que eu vi eles no Faustão lançando o disco e pensei : “nossa, eu vi eles lançando o mesmo disco numa loja!” Lembro de ter achado aquilo incrível, eu não tinha ideia que dava pra comprar o disco. Aí pedi dinheiro para minha mãe e fui na loja e lembro da vendedora tirar uma onda e dizer: “fulano, vem cá ver uma criança comprar um disco dos Engenheiros” e sai correndo.  Ao longo do tempo fui vendo que faltava uma biografia deles. Comecei a pesquisar em 2014 e lá por meados de 2015 estava pronta – fiz ao todo mais de 100 entrevistas.

A banda Engenheiros do Hawaii foi ao auge nos anos 90 e coleciona fãs no Brasil inteiro. A fama, entretanto, sempre andou colada à imagem de conflito entre os músicos, o que poderia ter atrapalhado sua carreira, mas parece que não foi o caso.

Acho que pode ter dificultado, sim, a carreira, no início, porque conseguir um lugar pra tocar é muito mais fácil se tu tens acesso, se é amigo do amigo do dono do bar, mas isso também de certa forma fortaleceu a banda, porque deu a ela uma identidade única. Como por exemplo, quando veio o olheiro da RCA ver os caras tocar, isso chamava a atenção. Era original, e eles não tentavam agradar críticos, eles iam atrás do público, não buscavam canais que conferiam legitimidade.

Como foi a tua abordagem com os músicos da banda?

Quando fui levar o livro para o Humberto e agradecer, ele abriu a porta pra mim e disse: “ah, tá, obrigada, minha mãe queria ler. Mas tu não tem esperança que eu vá ler, né?” (risos). Esse é o Humberto, eu não esperava nada diferente dele – ainda que eu já tenha visto ele citando a bio nos shows. Sem dúvidas, eu enchi o saco dele, às vezes ficava quatro horas na casa dele. Fechava o tempo pra chuva e ele dizia assim: “tu não tá de ônibus, aí?, não é melhor tu ir embora, vai te molhar, hein”. Ele foi muito querido comigo, teve a maior paciência. E o Carlos Maltz leu, e já está recomendando pra todo mundo.

 Livia Meimes
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